Os profissionais de saúde oral têm um papel marcante na sociedade. O seu contributo para a manutenção da saúde oral e, consequentemente, da saúde geral dos indivíduos é inegável. O impacto do seu trabalho vai para além da saúde física, verifica-se também na esfera emocional e mental dos pacientes. Este sentimento de contribuição é uma das maiores forças motivacionais que sustenta estes profissionais quando desafiados pela outra face desta profissão: consequências físicas, sociais e emocionais resultantes do stress inerente à prática profissional. Este lado menos luminoso torna inevitável que os profissionais de saúde oral questionem, em algum ponto da sua carreira, se os benefícios justificam os custos. Muitos enfrentam fases de incerteza e desmotivação. O Coaching pode ser uma solução eficaz para se ultrapassar estas crises e desenvolver ferramentas para lidar com situações desafiantes futuras.
O Coaching é uma relação colaborativa, entre um indivíduo – o Coachee – e um Coach, cujos objetivos são alcançar uma mudança comportamental sustentada e transformar a qualidade de trabalho e de vida pessoal (Zeus e Skiffington, 2002). No Coaching trabalha-se do presente para o futuro, facilitando o percurso do Coachee de um estado atual para um estado desejado, através de objetivos. É potenciada a visão, a tomada de decisão e a ação. Além disso, o Coachee adquire maior perceção do seu potencial, das suas competências e limites, e é desafiado a sair da sua zona de conforto a fim de alcançar uma maior aprendizagem e a sentir-se capaz de enfrentar novos desafios. Há profissionais de saúde oral que não têm clareza do estado em que se encontram, do que querem atingir e/ou do percurso profissional que gostariam de ter. Isto reflete uma lacuna ao nível do autoconhecimento que pode ser ultrapassada através da análise e reflexão profundas a que o Coaching conduz.
É importante compreender que a importância que a esfera profissional tem para o indivíduo e que a forma como ele gere o equilíbrio vida/trabalho sofrem alterações ao longo da carreira. Ter isto em mente facilita a tomada de decisão relativamente à gestão do número de horas de trabalho semanais, do horário de entrada e saída, se trabalha ou não aos fins-de-semana, etc. Por outro lado, perceber o que o move e o inspira na profissão, pode ajudar na escolha da especialidade da Medicina Dentária a que se vai dedicar. Conhecer os valores pelos quais o profissional se rege no trabalho pode revelar porque se sente em conflito quando confrontado com diferentes ambientes e culturas empresariais e pode até determinar a procura de um novo local de trabalho. Há quem descubra ainda que é importante para si contribuir para a ciência e para a evolução da classe médica e/ou profissional e se dedique paralelamente ao ensino, à partilha de conhecimento e a projetos de investigação e inovação.
Quando se alia o autoconhecimento ao desenvolvimento de competências de Inteligência Emocional (como a regulação emocional, a motivação, a tomada de decisão, a gestão de conflitos, entre outras), é quando se assume verdadeiramente a responsabilidade pela gestão da carreira e pelo percurso de crescimento que leva à realização profissional. Trabalhar de forma plena e com satisfação impacta de forma positiva não só o profissional de saúde oral mas todos as pessoas que cruzam o seu caminho. É uma escolha que tem um alcance familiar e social e que pode transformar a Medicina Dentária moderna.