O síndrome do impostor é um fenómeno muito comum em que os profissionais sentem que, de alguma forma, não são suficientemente bons ou que são uma fraude.
A verdade é que há tanta coisa a acontecer numa clinica dentária, que é fácil os Médicos Dentistas e Higienistas Orais olharem à volta e pensarem que todos os outros — exceto eles — já descobriram tudo sobre como ter sucesso nesta profissão exigente.
É importante perceber que a síndrome do impostor é essencialmente um processo de pensamento para o qual a mente gravita.
Igualmente importante é reconhecer que muitos dos nossos pensamentos não são factos. Isto é especialmente verdade para padrões de pensamentos, que são muitas vezes simplesmente uma ficção criada pela mente. Dado o viés de negatividade que opera no cérebro humano, provavelmente já reparaste que estas ficções geralmente nos puxam para baixo, e não para cima.
A investigação moderna em neurociência confirma que os nossos pensamentos são simplesmente eventos mentais transitórios, e não factos. A mente humana produz 10.000 a 20.000 pensamentos todos os dias. Alguns são verdadeiros, mas muitas não. Cada pensamento que temos termina e desaparece. Quando nos lembramos disto, podemos manter os nossos pensamentos muito mais leves e não os levar tão a sério.
A atenção plena é uma ferramenta crucial para lidar com a síndrome do impostor. Envolve estar ciente do que as nossas mentes estão a fazer. Com atenção plena, podemos compreender os nossos padrões de pensamento e perceber que temos uma escolha sobre como nos relacionar com eles.
A maioria de nós identifica-se com uma mentalidade perfeccionista. Alguns consideram-no um distintivo de honra. O problema do perfeccionismo é que é medo disfarçado. Os perfeccionistas tendem a temer a desaprovação das pessoas que os rodeiam. Perante este medo, reagimos defensivamente às críticas.
A perfeição é, muitas vezes, a nossa "nobre" desculpa para a procrastinação.
Por outro lado, um cientista consegue separar a sua identidade dos seus resultados. Um cientista procura aprender. Um cientista procura formas cada vez mais eficazes de fazer o seu trabalho.
O meu desafio para ti: Aumenta o teu rácio de Cientista. Sê mais cientista que perfeccionista, e aproveita para construir também uma equipa de cientistas á tua volta.
Pergunta de forma assertiva:
1.º O que funcionou?
2.º O que não funcionou?
3.º O que posso / podemos aprender com isto?
4.º Como posso / podemos evoluir a partir daqui?
O fracasso é inevitável em todas as esferas da vida, e na medicina dentária não é diferente. Não leves os fracassos para o lado pessoal; em vez disso, usa-os como oportunidades para aprender e melhorar a tua prática clinica.
Ter o apoio de pares, principalmente de mentores e pessoas em quem confiamos e com o qual nos identificamos, ajuda muito. Saber que não estamos sozinhos e que há outros que já passaram pelo mesmo faz-nos sentir menos isolados. Saber que há alguém que nos pode ajudar e orientar faz diminuir o desespero.
Sentir o reconhecimento dos pacientes também. Guarda qualquer coisa pequena que te dê incentivo, como um cartão de agradecimento de um paciente. Nos dias em que te sentires inseguro sobre ti mesmo, olha para ele como inspiração.
Sê o teu maior crítico, mas sê gentil. A avaliação crítica do teu trabalho é uma das formas mais eficazes de aprender. Embora seja importante identificar áreas para melhoria, é igualmente importante celebrar as conquistas e reconhecer as áreas em que te destacas.
O domínio na medicina dentária é uma viagem, não um destino. A síndrome do impostor pode muitas vezes manifestar-se pela pressão para o sucesso imediato ou pela exigência do perfeccionismo. Em vez de pressa ou perfeição, mergulha no dia a dia e junta o teu conhecimento e competências á conexão com os teus pacientes.
Ao reconhecer e abordar emoções, os médicos dentistas e higienistas orais podem progredir com confiança nas suas carreiras, garantindo que prestam o melhor serviço possível aos seus pacientes.
E se precisares de ajuda a navegar a tua profissão, estamos aqui para ti. Podes sempre agendar para falar conosco aqui.
Manuela Rodrigues
*Não existe uma solução única, pois as circunstâncias de cada um serão diferentes.