Duvide do que acredita e acredite no que duvida

Damiana Fernandes
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8/4/25

Caro colega, hoje venho desafiá-lo a isso mesmo: duvidar do que acredita e a acreditar no que duvida.

Numa área profissional  onde a ciência e a evidência são os alicerces do conhecimento e da prática clínica, é natural que surja ceticismo quando se trata de abordagens aparentemente subjetivas, como o coaching e a inteligência emocional. No entanto, é um equívoco pensar que estas áreas estão desprovidas de bases científicas sólidas. Na realidade, tanto o coaching como a inteligência emocional têm raízes profundas em estudos experimentais e teorias científicas bem estabelecidas, abrangendo várias disciplinas como a filosofia, a sociologia, a psicologia do comportamento e a neurociência.

O coaching, muitas vezes encarado como um modismo empresarial, tem as suas bases na filosofia, na psicologia, na educação e até na neurociência. Estudos da psicologia do comportamento, como os realizados por Carol Dweck na teoria da mentalidade de crescimento, destacam como a mudança de mentalidade pode levar a melhores resultados. Além disso, a teoria da aprendizagem social de Albert Bandura fundamenta a importância da observação e da modelagem comportamental, um dos principais pilares do coaching. A neurociência também entra no jogo, com os estudos sobre a neuroplasticidade, que mostram como o cérebro é maleável e pode ser moldado através do treino, reforçando a eficácia das práticas de coaching.

A inteligência emocional, por sua vez, está profundamente enraizada na psicologia e na neurociência afetiva. Os modelos de Inteligência Emocional de Daniel Goleman, Peter Salovey e John Mayer ou Reuven Bar-on oferecem um alicerce teórico para a inteligência emocional, considerando-a um conjunto de competências essenciais para o desempenho e sucesso profissionais e com grande validação empírica. A psicologia positiva, impulsionada por pioneiros como Martin Seligman, investiga como as emoções positivas e a autogestão emocional podem aumentar o bem-estar. A neurociência também contribui neste campo, com estudos que demonstram como as emoções são processadas no cérebro, validando a importância de as compreender e regular para uma vida mais saudável.

O ceticismo em relação ao coaching e à inteligência emocional frequentemente deriva da falta de compreensão sobre como essas abordagens se alinham com a ciência. No entanto, uma abordagem integrada revela uma verdade mais profunda: coaching e inteligência emocional estão intrinsecamente ligados à compreensão científica do comportamento humano e da mente. Ao combinar conceitos da psicologia, da educação, da neurociência e outras disciplinas, o coaching e a inteligência emocional oferecem uma abordagem abrangente para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Em vez de serem meras tendências passageiras, o coaching e a inteligência emocional são ferramentas enraizadas em estudos rigorosos e comprovados. Ao reconhecer as disciplinas científicas subjacentes, desmistificamos essas áreas, destacando que a busca pelo autodesenvolvimento e pelo entendimento emocional é compatível com o espírito da pesquisa científica. A intersecção entre essas abordagens e a ciência mostra-nos que o desenvolvimento pessoal não é um passo no desconhecido, mas sim uma jornada suportada pela investigação e pelo conhecimento humano acumulado.

Muitas vezes trabalho com profissionais que procuram atingir resultados diferentes recorrendo aos mesmos métodos que sempre utilizaram e que nunca lhes trouxeram os resultados que procuram. Quando acredita que só há um caminho e despreza todos os outros pode estar a ignorar “o” caminho que o conduz à jornada rumo a um melhor desempenho e a melhores resultados profissionais. Questione o seu caminho. Procure e teste novos caminhos, vestindo o papel de aprendiz e assumindo uma curiosidade sincera. Desejo-lhe uma ótima jornada!

Damiana Fernandes
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8.4.25
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